Para muitos, só mais um programa de televisão das tardes de domingo. Para os defensores dos animais uma grande chance de mostrar que ainda há pessoas boas no mundo e que fazem de tudo pelos animais. Assim foi a primeira parte do programa Troca de Família, agora um quadro do programa Tudo é possível da Rede Record.
Certamente milhares de defensores dos animais estiveram ligados no programa, pois mesmo não conhecendo a Fernanda, a defensora dos animais que participa do programa. De antemão e sem ter nenhuma dúvida, todos já sabiam que o recado dos defensores dos animais seria dado, pois todo defensor tem algo em comum do qual não abre mão; é o grande amor aos animais.
Fernanda não deixou por menos, em todos os momentos mostrou sem medo o seu ponto de vista mesmo estando num meio completamente hostil e talvez um dos meios que mais exploram e maltratam os animais. O Formiguinha, peão de rodeios milionário com a qual ela teve que conviver, tentou justificar inutilmente a crueldade que o rodeio impinge aos animais. Tudo em vão diante da firmeza e clareza dos argumentos de Fernanda. Ao contrário, Formiguinha, ganhador de inúmeros prêmios, 52 motos, 3 camionetes e outros bens, não conseguiu dobrar a dona de casa, vegetariana e defensora dos animais.
Num dos momentos mais críticos Fernanda disse uma frase que bem representa os dois meios antagônicos, o da exploração animal e o da defesa. Foi algo mais ou menos assim: Que Formiguinha ganha dinheiro com os animais, enquanto ela só perde para salva-los, chegando ao ponto de endividar-se. Algo muito belo e que representa a nossa realidade. Por um lado a indústria milionária da exploração e da morte, por outro, pessoas simples, comuns, mas com muita determinação e amor que fazem de tudo por essas vidas.
Quanto ao outro lado, ou seja, Adriana, esposa do Formiguinha, apesar do esforço da emissora, não apresentou nenhum carisma especial e deixou uma imagem um tanto desagradável ao criticar o metrô a exposição no MASP e outras coisas tão queridas dos paulistanos.
Apesar das gravações terem sido realizadas em fins do ano passado, o programa levantou o IPOPE no horário e a segunda parte que será apresentada no próximo domingo, dia 28, terá sem dúvidas uma audiência ainda maior. Com certeza não está em jogo duas donas de casas, mas duas forças; a da tradição cruel, criada por homens primitivos, que admitiam inclusive a escravidão humana, hoje transformada na indústria do divertimento fácil à custa de dor e sofrimento. Por outro, o pensamento do futuro, da preservação do mundo incluindo tudo que nele se encontra. A ética ligada à filosofia, onde não é mais possível viver-se de passado, baseado em homens primitivos que lançaram tantos costumes perversos, inúteis e destrutivos, incluindo-se entre estes os rodeios. Leonardo Bezerra
Fica difícil definir se o pior do rodeio é sua realização ou as leis que o apóiam e outras que não protegem os animais. É claro, como já foi dito, o rodeio no Brasil está alicerçado pelos poderosos; grandes empresários, a indústria da propaganda, dos shows e do turismo. Estes mesmos tem o poder de convencer mandatários políticos no sentido de serem favorecidos. Assim é praticamente impossível erradicar a indústria do rodeio. Os poucos que defendem os animais e que são contra o evento são tidos ou como loucos ou anti-sociais. Já nos tempos do governo Henrique Cardoso, o mesmo mudou o status do peão, para “atleta”. Então segundo esse ponto de vista atletismo é a prática de violência contra seres indefesos e inofensivos. Não bastasse a infelicidade do referido governo, o senado aprovou o uso de instrumentos de tortura nos rodeios.
Os animais sofrem para que os humanos se divirtam
Os animais não são agressivos, ao contrário, são dóceis e inocentes, mas através dos objetos de tortura são forçados a demonstrar um comportamento de defesa bravio e selvagem, que por natureza não é deles, tudo para que o peão pareça um herói corajoso e destemido diante do público. É, portanto um show realizado com base numa farsa e numa mentira para enganar a multidão. Os que defendem a farsa do rodeio alegam que o animal sofre apenas durante 8 segundos. Esquecem de mencionar o tempo antes e depois em que o animal fica com os instrumentos de tortura nem mencionam as incontáveis horas de treino do peão com o mesmo animal.
Modalidades principais usadas em rodeios dos Estados Unidos e do Brasil
Laçada do bezerro: Animais novos, alguns com poucos dias de vida. É perseguido pelo peão em alta velocidade, laçado e derrubado ao chão. Quando o animal é laçado o cavalo é freado bruscamente. O laço às vezes provoca a ruptura da medula ocasionando a morte instantânea. Outros sofrem rompimento parcial ou total da traquéia. Ao ser jogado com violência ao chão, causa fratura de vários órgãos internos provocando morte lenta e dolorosa.
Laço duplo: Dois peões saem em perseguição ao bezerro um deles laça a cabeça e o outro as pernas. Cada um vai para um lado esticando o animal o que lhe provoca distensões de ligamentos e tendões e músculos machucados.
Bulldog: Dois peões perseguem o animal em velocidade. Um deles o segura pelos chifres e o derruba torcendo seu pescoço.
Montaria em touros e cavalos: Tanto touros quanto cavalos são apertados com o sedém uma corda que áspera que passa pelos órgãos para provocar-lhes dor fazendo-os pular na tentativa de livrar-se.
Os equipamentos de tortura:
Sedém: É uma tira de couro ou crina que é amarrada em torno do animal passando pelo penis ou saca escrotal. Ao sair para a arena essa corda é puxada com força pelo peão comprimindo os canais que ligam os rins à bexiga o que faz o animal saltar desesperado procurando libertar-se da dor terrível, que a platéia entende como animal bravio. Além da dor, pode também provocar ruptura viscerais e internas. Dependendo do caso pode provocar a morte. Assim que o animal é liberto do sedém volta a ficar calmo e dócil, mas isto não é mostrado ao público.
Objetos pontiagudos: Pregos, pedras, alfinetes e arames em forma de anzol são colocados nos sedenhos ou sob a sela do animal.
Esporas: São aplicadas pelo peão no baixo ventre e às vezes no pescoço e na cabeça do animal.
Pimenta e outras substâncias: São introduzidos no animal para que este fique irritado e nervoso.
Peiteira e Sino: É uma faixa de couro amarrada ao redor do animal atrás da axila, causa imensa dor e lesões.