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RIO+20, OS ANIMAIS FICAM FORA

Por Leonardo Bezerra

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20, que ocorrerá em junho de 2012 no Rio de Janeiro, mobiliza milhares de especialistas e centenas de temas voltados para a sustentabilidade, ou seja, uso da natureza sem provocar sua destruição, cujo tema principal será: “A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza.

Até ai, tudo muito bonito, em termos de palavras, praticamente o mesmo que aconteceu há 20 anos na Conferência Mundial do Clima, conhecida como Rio 92, que como se pode constatar, não adiantou nada por mais bonitas que tenham sido as palavras e os compromissos firmados.

A Rio+20 será um evento grandioso. Receberá 193 nações sendo que em maio já havia sido confirmado a presença de 116 chefes de Estado. Na verdade, é mais que uma conferência sobre o clima, é como vamos viver em cidades sustentáveis e como vamos produzir comida sustentável nos próximos 20 anos. Pelo menos essa é a idéia, só que de uma idéia para a prática existe um passo muito grande onde interesses podem minar e destruir até o mais lindo dos sonhos.


Segundo todas as informações disponíveis nos sites que informam sobre os preparativos para a Conferência, os temas estarão voltados para a chamada economia verde, que envolve, por exemplo, nas cidades, veículos não poluentes, aproveitamento total dos recursos, passando pela agricultura com produtos naturais, temas sobre a saúde, alimentação, etc.

Entretanto, não há nenhuma referência sobre o combate ao grande vilão de nossos tempos que é a criação de animais ligada à indústria da carne, verdadeiro câncer que corrói o planeta em todas as direções, provocando o desmatamento, poluição dos rios e do solo, emissão de gases na atmosfera provocando o aquecimento global e ainda uma lista enorme de malefícios envolvendo a saúde pública e a ética.


É incrível que homens de ciência, conhecedores profundos desse fato, fiquem girando em torno de assuntos que nem de longe vão contribuir para alguma coisa útil, e não tenham coragem suficiente para abordar esse tema.

A economia verde, a não degradação do planeta, o bem estar das pessoas, a erradicação da miséria só poderá acontecer quando esses imensos pastos para criação de gado ou plantio de soja para ração sejam extirpados e transformados em agricultura não poluente e não causadora de doenças e misérias de todos os tipos. É algo tão simples e tão básico que chega a ser deprimente ver todas aquelas pessoas aparentando tanto conhecimento e tanto poder quando na verdade desperdiçam seu tempo e o dos outros com imensas conferências para dizer nada e fazer menos ainda.

Se esse aspecto dos animais, ou seja, a criação para a indústria alimentícia, que é o grande vilão, não é abordado, imagine outros aspectos menos relevantes, como animais domésticos, leis sobre defesa dos animais, a ética ligada aos animais. Isso nem pensar. A conferência está preocupada com os seres humanos, como se estes, não dependessem do resta da criação para sobreviver.

Campanha para discutir o bem-estar animal na Rio+20

De toda maneira, os brasileiros não ficaram indiferentes. Por incrível que pareça, uma das organizações, não muito bem vistas pelos defensores, porque concorda com o abate de animais, a Sociedade Mundial de Proteção Animal, WSPA (sigla em inglês), foi quem lançou uma campanha global para pedir a Conferência para discutir temas relativos ao bem-estar animal.

A referida organização lançou um abaixo assinado na internet em dezembro e vem ganhando milhares de assinaturas. Só no Brasil conta com 10 mil participantes. Essa mobilização faz parte da campanha internacional chamada “Pegada Animal” que tem como objetivo mostrar como hábitos alimentares das pessoas influenciam a questão do desenvolvimento sustentável. Em resumo, o consumo de alimentos de origem animal vai diretamente contra o desenvolvimento sustentável, pois como foi visto anteriormente, não dá para se criar animais em grande escala sem destruir o planeta.


Pelo que parece, até agora, outras organizações também não conseguem fazer grande coisa para interferir na Conferência. Os governos, que retém o poder, também não estão lá muito preocupados com esta questão dos animais. Representantes do Brasil, o maior criador de gado para corte, ficarão torcendo para que este tema fique longe da conferência, de preferência do lado de fora.

A PETA, maior organização de defesa dos animais, por sua vez, está organizando um protesto, enviando uma representante, que ao lado de uma ativista de língua portuguesa, ficará vestida de biquíni e folhas de alface para chamar a atenção da mídia na entrada da Conferência. Assim, para os defensores dos animais, resta saber que pelo menos por enquanto, os animais estão fora.(Fotos: Reprodução, divulgação)    

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