Por Leonardo Bezerra
Quando
falamos de ativismo em defesa dos animais, normalmente nos vêm à mente, pessoas
fazendo passeatas, mostrando cartazes, distribuindo folhetos, etc. Entretanto,
o ativismo animal é marcado também por ações radicais que fogem totalmente
dessa idéia pacífica nas ruas.
Hoje,
cada vez mais ativistas apelam às ações radicais, pois só estas podem de uma
forma rápida chamar a atenção da mídia e assim, atrair milhares de seguidores
ou ao menos mostrar o problema para uma quantidade maior de pessoas. Mas há
ativistas, que não se preocupam muito com o lado da mídia, mas sim, em fazer o
bem aos animais a todo custo. É o caso de Peter Young, iniciador e inspirador,
a partir de então, de outros movimentos que partem para o ataque em vez de
palavras. Segundo suas palavras, ele é a favor de protestos quando funcionam e
contra quando apenas criam a ilusão de mudança. Assim, só resta partir para a
ação.
Peter
Young ficou conhecido por passar dois anos na prisão a partir de 2005. Em 1997,
junto com outro ativista, invadiram seis fazendas de confinamento de animais,
libertando aproximadamente de 8
a 12 mil minks e 100 raposas. Passaram então a ser
procurados pelas autoridades americanas, inclusive pelo FBI.
O
ativista conseguiu se esconder do FBI por sete anos e meio, antes de ser preso
na Califórnia, em 2005. Sua condenação inicial foi de 82 anos de prisão.
Entretanto, seu advogado conseguiu reduzir sua pena para dois anos num presídio
federal. Em nenhum momento Peter se mostrou arrependido, pois segundo as
autoridades, o prejuízo causado aos criadores foi imenso. Ao contrário, ele
afirmou que seu único arrependimento foi o de não ter causado mais prejuízos.
Libertado
em 2007, desde então passou a dar palestras e conferências sobre a defesa e
libertação dos animais. Numa das muitas entrevistas que deu aos meios de
comunicação ele explica um pouco de sua trajetória:
“Comecei a me
envolver no movimento pela libertação animal entre finais de 1995 e princípios
de 96, durante o tempo que estive morando em Seattle. Em 1997 seis
fazendas de pele no Meio-Oeste foram visitadas por ativistas em um período de
duas semanas, resultando em oito mil a doze mil minks e 100 raposas liberadas,
além de perdas de informações sobre o registro genealógico dos animais em cada
fazenda. Em 1998 uma outra pessoa e eu fomos acusados destas seis ações. O FBI
me perseguiu durante sete anos e meio até me prender na Califórnia no ano de 2005.”
Quando
perguntado sobre o impacto que essas invasões causaram à indústria de peles,
ele responde:
“Pelo menos duas de
seis fazendas tiveram que fechar. O prejuízo total foi estimado em mais de 250
mil dólares. Aproximadamente 2.000 animais nunca foram recapturados, e os
fazendeiros continuam pensando se hoje à noite as suas fazendas seriam
invadidas – ou, mais importante, pensando se eles seriam melhores no cultivo de
soja. O número de fazendas que criam minks hoje em dia é quase a metade do era
quando fui acusado, e acredito que muitos fazendeiros se fizeram essa pergunta
e tomaram a decisão correta como um efeito direto das invasões ALF.”
Passados
vários anos ele afirma: “Só me arrependo
de cada momento que perdi pedindo permissão para fazer coisas, cada momento em
que pensei pouco ao invés de atuar muito, e de cada animal que deixei para trás”.
Depois
de Peter, muitos outros ativistas foram presos em vários outros países por
libertarem animais, ou até mesmo apenas por filmarem e denunciarem a situação
terrível em que vivem essas pobres criaturas. O que é legal para uns é ilegal
para outros. Mas a legalidade não pode mais ser baseada em interesses
financeiros. Para o homem moderno, toda a legalidade tem que ser baseada na
ética. Ninguém de juízo perfeito pode dizer que é eticamente correto manter
criaturas sensitivas, donos de uma vida igual a nossa, em condições de
escravidão e destinados à morte. (Fotos: Reprodução)