Por Leonardo Bezerra
A conceituada rede
de TV por assinatura Nat Geo, que apresenta uma excelente programação de
documentários para milhares de assinantes, lança no Brasil quase que
simultaneamente, dois programas sobre os cuidados e relacionamento das pessoas
com seus animais domésticos, mais notadamente os cães.
É provável que os
lançamentos se devam a dois fatores; o fato de o Brasil ser um dos países com
maior população de animais domésticos, acrescido do gosto que os brasileiros têm
por animais e ainda o fato do grande desenvolvimento das campanhas em defesa
dos animais ocorridas no país desde o início do ano.
Outros fatores
também pesam; a decadência da TV aberta, com uma programação de péssimo gosto,
recheada de violência e a total falta de inovação e ainda o grande crescimento
do número de assinantes da TV paga que tem havido nos últimos anos motivado
pela estabilidade financeira das pessoas.
Embora já tendo um
programa que muito agrada aos donos de cães, que é “O meu cachorro comeu o
que?” A Nat lança os programas: “O Melhor Amigo do Cão” com César Millán e
“Missão Pet” com Alexandre Rossi. Os programas, que na maioria dos episódios
tratam de cães, são na verdade bastante diferentes.
O enfoque do "Missão
Pet" é mais centrado em treinar os animais para que possam melhor adaptar-se aos
seus donos, resolvendo casos de agressividade, mau comportamento, traumas
psicológicos e muitos outros comportamentos típicos de animais confinados. Ao
mesmo tempo, enfoca também o lado humano, aconselhando as pessoas ou mesmo
ensinando-lhes sobre os cuidados que devem ter com os animais. Quanto ao
Alexandre Rossi, pelo fato de ser conhecido também como treinador de animais
para participação em filmes, não é totalmente bem visto pelos defensores dos
animais, que são totalmente contra a participação de animais em quaisquer tipos
de espetáculos.
"O melhor amigo do
cão", cujo título em espanhol é “El Líder de la Manada ”, por outro lado,
vem mais ao gosto dos defensores dos animais. O programa trata de recuperar
alguns dos 100 mil cães que são abandonados a cada ano na Espanha e
conseguir-lhes um dono. O programa mostra o grande poder de encantar os cães
que Millán tem, tornando-os dóceis e facilmente adaptáveis. Mostra ainda o
grande cuidado na hora de escolher os novos donos, quase sempre tendo vários
pretendentes para serem provados antes de o animal ser entregue.
César Millán nasceu
em Culiacán, no México e vem aprendendo o comportamento dos cães desde criança.
Assim, ele consegue quase que comunicar-se com os cães, conhece seus gestos e
usa a própria linguagem expressiva deles para treiná-los.
É especialista em
reabilitação de cães problemáticos e conhecido no mundo todo por seus livros e
DVDs que tratam desses assuntos, entre eles: “O Encantador de Cães”, um livro Best
seller em vários países. É fundador do Centro de Psicologia Canina, em Los Angeles e
reconhecido mundialmente por seu trabalho e já foi premiado pela National
Humane Society, a maior organização norte-americana de proteção aos animais,
por reabilitar cães abandonados.
Assim, a Nat Geo
inova uma vez mais principalmente chegando a esse público defensor dos animais
que certamente fica encantado cada vez que vê um cão abandonado ser recuperado
e entregue a uma família para inicio de uma vida digna e maravilhosa.
Animais estão na
moda
Na verdade, os
programas em defesa dos animais e seus cuidados estão na moda, pelo menos nas
TV pagas. O mesmo programa; “O melhor amigo do cão”, que aparece agora no Nat
Geo, já é conhecido em outros canais. O programa aparece no Discovery Canal e
no Animal Planet com outros nomes como “O líder da manada” e “O encantador de cães”.
No Brasil, os
programas que tentam seguir esta trilha ainda encontram muita resistência e
acabam atingindo apenas uma audiência específica. Como na TV aberta o negócio é
dinheiro e, portanto, grande público, é sempre difícil manter programas que
tenham a ver com os animais. Por aqui parece que o negócio bom mesmo é violência,
debates infindáveis que acabam dando em nada, artistas polêmicos, novelas com
galãs bonitinhos e vai por ai a fora. Parece que os animais, em sua beleza,
simplicidade e necessidades, não têm mesmo como competir com essa gente. (Fotos: Divulgação)