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Na Nova Zelândia está em
curso uma campanha contra os gatos domésticos. Seu autor é o homem de negócios
e filantropo local Gareth Morgan. A iniciativa tem tanto partidários como
adversários, mas as vozes destes últimos, a julgar pela reação violenta da
opinião pública, são mais fortes.
Por Voz da Rússia
Na Nova Zelândia há muito
mais amantes de gatos do que em outros países desenvolvidos – 48% das famílias
têm pelo menos um gato em casa.
Explicando a necessidade
de sua campanha, Gareth Morgan cita uma série de números. Por causa desses
felinos domésticos podem desaparecer 33 espécies de aves raras locais,
inclusive o kiwi terrestre – o símbolo da Nova Zelândia.
Estão ameaçadas também
outras espécies raras – diz o autor da iniciativa. Por exemplo, os morcegos de
asas curtas, animais que um gato pode caçar mais de 100 em uma semana. Os gatos
continuam sendo assassinos natos, mesmo se forem bem alimentados – escreve
Morgan em seu site "Cats to Go". Ao mesmo tempo, o homem de negócios
é contra medidas radicais como matar. Ele propõe esterilizar os gatos, não os
deixar sair de casa e, depois de sua morte, não adotar novos. Como resultado o
número de rapinantes domésticos deverá se reduzir gradualmente.
O biólogo e apresentador
de televisão Ivan Zatevakhin comentou para a Voz da Rússia a iniciativa do
homem de negócios neozelandês:
"Os gatos, como
também as ratazanas (porém em menor grau) foram a causa do desaparecimento de
muitas espécies raras. É realmente um flagelo de muitas ilhas. Os neozelandeses
aceitarão sua iniciativa? Não sei. Mas o governo pode obrigar os proprietários
de gatos a cuidar para que eles não comam as aves".
A medida proposta por
Gareth Morgan é uma tentativa de lutar não com as causas, mas com a
consequência. Os zoólogos dizem a uma só voz: aquando da descoberta da Nova
Zelândia não deviam ter levado para lá animais de outros continentes, muito
menos felinos, que originalmente não existiam lá. Aliás, foi justamente devido
à sua ausência na ilha é que surgiram espécies de aves e morcegos não voadores.
Mas os imigrantes, que levaram gatos consigo não pensaram na preservação dessas
espécies. Agora estas medidas são já tardias.
A atual iniciativa de
Gareth Morgan lembra as campanhas anteriores de combate a animais considerados
"nocivos" realizadas na China e URSS. No final dos anos 1950 a
direção chinesa declarou guerra aos pardais, acusando-os de ser uma praga que
destruía as plantações. Na União Soviética no final dos anos de 1940 os lobos
eram mortos a tiro sob o pretexto de que eles exterminavam os animais
domésticos. Mas as referidas campanhas de combate a animais "nocivos"
e a atual na Nova Zelândia são diferentes – esclarece o zoólogo Anton Evseiev.
"Os pardais na China
e os lobos na Rússia são espécies locais, inseridas nos ecossistemas locais.
Tal ligação formou-se durante centenas de milhares de anos. Por isso, neste
caso o extermínio em massa trouxe danos aos ecossistemas. Os gatos na Nova
Zelândia são um elemento estranho, uma espécie invasora".
Na opinião dos
especialistas, por mais que Gareth Morgan e seus seguidores se esforcem, é
pouco provável que consigam resolver o "problema dos gatos". As
pessoas, em sua maioria, são indiferentes aos problemas fora de sua casa,
incluindo os problemas de preservação de espécies raras de animais e aves. Por
este ou qualquer outro motivo, a iniciativa "anti-gatos" por enquanto
não goza de popularidade entre os neozelandeses – esta é apoiada por apenas 24%
da população. Mas isto não é o principal – dizem os cientistas – o principal é
atrair a atenção para o problema.(Fonte: Voz da Rússia)
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Gatos